O outro lado da Moeda
Brota em minha inocência
Um ar de fino elogio
Do qual não sinto orgulho
Porém me causa arrepio
Da bravura estrondeante
Que cheira a um desafio.
Desafio não na proza
Mais em frases verdadeiras
Com direito a repisada
Com palavras bem certeiras
Do cabra que ama a vida
De forma bem prazenteira.
Sou caboclo aqui da roça
Esse aqui foi meu destino
Não gosto de vaidade
Odeio cabra cretino
A paz pra mim é concórdia
Desde os tempos de menino. 1
Eu não sou um sonhador
Mantenho meus pés no chão
Sei que a vida não é fácil
Ela traz decepção
Deixando um nó na garganta
E sangra um bom coração.
Confiar no ser humano
É o passo mais errado
Cada um deve seguir
Seu rumo pra cada lado
Pois de maldade e traição
O mundo é abarrotado.
Não escapa um só vivente
Dessa coisa vergonhosa
Que vive solta no mundo
Reinando vitoriosa
Transformando o ser humano
Numa coisa desastrosa.
2
Respeito e honestidade
São palavras do passado
A mentira e a canalhice
Vivem juntas lado-a-lado
Destruindo os bons costumes
Deixando tudo estragado.
Não devemos confiar
Em nenhum sobrevivente
Pois logo a decepção
O torna incoerente
Parecendo que as pessoas
Estão podres e doentes.
Pode até ser absurdo
O que estou a dizer
Mas absurdo maior
É não querer entender
Dizendo estar tudo bem
Só para sobreviver.
3
Porém a realidade
É por demais diferente
Só não enxerga um cego
Ou aquele que é demente
E não busca perceber
De forma inteligente.
No fundo da consciência
Todos nós somos espertos
E procura entender
Traçando um rumo certo
Como faz um bom camelo
Quando anda no deserto.
Eu sempre acreditei
Numa vida de bonança
Sem perceber que o homem
É um poço de ganância
Que destrói a própria vida
Com fúria, terror e ância.
4
Projeto ambicioso
Que só trazem destruição
É guerra, fome e peste
Devastando a nação
Ferindo sem piedade
A obra da criação.
Sem dó e sem sentimento
Ele vai seguindo em frente
Causando as pestilências
Em seu dote consciente
Destruindo a esperança
Que alimenta muita gente.
É tão simples perceber
Como o homem é só maldade
Não pode ver o seu próximo
Gozando da liberdade
Procura de qualquer forma
Aplicar sua crueldade.
5
E quando ele não consegue
No próximo encaixar defeito
Não dorme e não sossega
Nada lhe põe satisfeito
Pois o mal que estar guardado
Os fere dentro do peito.
E assim segue sombrio
Com o seu extinto mal
Muitas vezes disfarçando
O seu dote infernal
Esperando uma chance
Para seu bote final.
Ninguém pode calcular
Qual é a sua intenção
O que traz no pensamento
E sente no coração
Se é coisa do divino
Ou artimanhas do cão.
6
Quem já leu as escrituras
Por certo tem percebido
Que até mesmo o criador
Foi um tempo arrependido
Em ter posto sobre o mundo
Um projeto tão perdido.
A prova do que eu falo
Foi a arca de Noel
Só ele e seus descendentes
Sobraram como trofeu
Provando que Deus supremo
Não é um pai tão cruel.
Mesmo lendo este exemplo
O homem não se emenda
Continua aprontando
Causando ódio e contenda
Destruindo a natureza
Com brutalidade tremenda.
7
Cria armas destrutivas
Pra matar a sua raça
Em provetas faz doenças
Da mais profunda desgraça
E se diz inteligente
A cada dia que passa.
Não respeita o ambiente
Nem plantas nem animais
Se acha dono de tudo
Com seus atos imorais
E se julga estar correto
Pois são dotes naturais.
Acontece uma catástrofe
A culpa é da natureza
Não olha em sua ganância
A falta de gentileza
Que destrói com crueldade
Como urso faz na presa.
8
Eu só vou continuar
Descrevendo esse ser
Apesar de ser um deles
E me causa desprazer
Pois tenho que vê calado
Sem nada poder fazer.
Na vida se experimenta
Diversas situações
Que depois de analisadas
É que vê as proporções
E pode se calcular
Os níveis de traições.
Isso pode acontecer
Nas etapas dessa vida
E marcar como um punhal
Que num golpe faz ferida
Deixando a decepção
Como ponto de partida.
9
Imagine uma família
Composta por bons sujeitos
Que reina a paz soberana
O amor e o respeito
Sempre tem um traidor
Que mela e não tem jeito.
Num casal de namorado
Que se diz apaixonado
Porém a traição vive
Entre os dois entrelaçados
Pode um dia se casar
Mas no outro é separado.
Não se pode confiar
Na palavra de ninguém
E se alguém acreditar
Vai se transformar refém
De pessoas miseráveis
Que só querem se dar bem.
10
Às vezes fica difícil
Formar uma amizade
Pois o medo é profundo
Dessa tal de falsidade
Pois ninguém pode saber
Quem se vive na verdade.
Amigo já não encontra
Nesse mundo tão tirano
Onde o dinheiro impera
Corroendo todo plano
Que ao ver alguém bonzinho
Com certeza é engano.
Eu falo de sentimento
Que hoje não mais existe
Nos mostrando o absurdo
De um mundo vago e triste
Que só mesmo os valentes
No amor ainda persiste.
11
Como chuva em trovoada
Traz relâmpago e trovão
Qualquer vivente do mundo
Tem medo de assombração
Imagine um inocente
Ser vítima de traição.
Devemos ser cautelosos
Com promessas de grandeza
Muitas vezes ela esconde
Uma fútil esperteza
Que transforma a alegria
Na mais profunda tristeza.
Se você é um pensador
Que usa bem a memória
E já leu vários relatos
No decorrer da história
Já deve ter percebido
Como o mal chega à vitória.
12
Vejamos um bom exemplo
Dito sem pestanejar
Da maldade tão tirana
Que temos que enfrentar
Pegue um pai com um filho
E ponha os dois a jogar.
Nesse momento acaba
Qual quer consideração
Um tenta enganar o outro
Trapaceando a razão
E dentro das consciências
Só se tratam por ladrão.
Parece até abstrata
A palavra inteligência
Ou então ninguém mais usa
Sua própria consciência
Pintando um quadro maldito
De vergonha e indecência.
13
Temos que ver tudo isso
De forma bem coerente
Mais sentir que não existe
Mais um tipo inocente
E ninguém pode enganar
Por um tempo permanente.
É triste agente saber
Que dentro de um vivente
Existem dotes perversos
De ação incoerente
Ou saber que Deus criou
Todos nós inteligente.
Não sei se sou delirante
Ou vivo de esplendor
E acreditar em mudanças
Nesse mundo traidor
Ou estou me enganando
Como faz um sonhador.
14
Podemos analisar
Para ser bem mais prudente
E não seguir a Moises
Que era dente por dente
Mas saber que a traição
Não é um fato recente.
Ter critérios nessa vida
É algo bem importante
Que pode mudar o rumo
Da história num instante
E deixar os envolvidos
Boca aberta e radiante.
Ser pobre não é defeito
É apenas ter carência
Pois se o sujeito é correto
E usa sempre transparência
Mostrando esse bom sinal
Que é esperto e tem cadência.
15
Assim todos que engana
Tem seu alvo escolhido
E planeja à escondida
O tipo mais preferido
Pois seu desejo tirano
É sempre desconhecido.
A vida desses perversos
Que agem sem ter amor
Não olha o ser humano
É sangue frio e traidor
Prejudica e massacra
O pobre trabalhador.
Em sua agenda diária
Atos feios são citados
Na procura de um dia
Ser assim martirizados
Por pobres e inocentes
Que vivem necessitados.
16
Todo cuidado é pouco
Pra ações de um traidor
Que age sem avisar
Que fere sem ter amor
E faz de sua vingança
Um jardim de esplendor.
Difícil é saber quem tem
O seu coração maldoso
E que traz em sua mente
Um instinto vergonhoso
Que alimenta a cada dia
Os prodígios do tinhoso.
Armadilhas do diabo
São laços da tentativa
Que persegue dia e noite
Não se cansa ou se esquiva
Sempre age de mansinho
Se mantendo na ativa
17
A maldade anda tão solta
Presente a todo o momento
Não escolhe mais lugar
Pra causar o sofrimento
Nem manda pedir licença
Vem e mostra seu tormento.
Quer saber o quanto doem
Os atos da tirania
Seja uma vítima primeira
De ações da covardia
Lhes digo que vai sofrer
Dia e noite, noite e dia.
Coitada da nossa gente
Que vive na aflição
Exposta a toda desgraça
Sempre réu da traição
De um sistema apodrecido
Que governa esta nação.
18
Se for destrinchar uma lista
Não sobras quase ninguém
Vai do pequeno ao maior
Do mais perto ao além
Que pra manter a ganância
Mata até por um vintém.
A prova disso se estampa
Pelas folhas do jornal
Não vem mais como manchetes
Já colocam no edital
E pra quem tem sentimentos
Só em lê já passa mal.
Às vezes faz até medo
De mostrar nosso valor
Pois hoje nunca se sabe
Onde está o traidor
Que se disfarça em amigo
Pra mostrar o seu furor.
19
A verdade, companheiros
É que o mundo está virado
Não se sabe quem é bom
O que é certo ou errado.
Só sabemos é que tudo
Vive aí desmantelado.
As famílias já não têm
A total autonomia
Devido leis enganosas
Que o próprio homem cria
E faz dessa irmandade
Um mundo sem garantia.
Às vezes é engraçado
O cinismo que usou
Pra dizer que a culpada
É a mídia e seu furor
Não sabendo que foi ele
Que a tal da mídia criou.
20
A coisa é tão desastrosa
E de tamanha podridão
Que em fúteis propagandas
Se gasta mais de milhão
Enquanto nossas crianças
Não recebe educação.
A miséria é incrustada
De modo descomunal
Discrimina a pobreza
De uma forma tão real
Que o fraco morre em casa
E o forte no hospital.
Quer descobrir mais sujeira
Investigue a polícia
Não precisa ser esperto
Nem usar tanta perícia
Pra sair de saco cheio
De tamanha imundícia.
21
Hoje a vida das pessoas
Parece não ter valor.
A própria justiça trata
Com requinte de horror
Como se o ser humano
Fosse fonte do terror.
Não quero que me confundam
Com alguém sem sentimento
Que fala da própria espécie
Sem citar o seu talento
É que o mundo está confuso
Pra todos nesse momento.
Pra se ter uma ideia.
Da coisa como se vai
Quanto mais você ajuda
É que a pessoa lhe trae
Tem tipo que é tão cretinos
Que enganam até o pai.
22
Ha sujeitos levianos
Que a presença já faz mal
Se alimentam da maldade
E da luxúria banal
Não podem ser comparado
Com o mais pobre animal.
Não se tem mais amizade
Pois a coisa anda feia
Pra encontrar gente descente
A pessoa se aperreia
E o que fala que te ama
É o que mais te odeia.
O ser humano é cruel
Não se sabe dar valor
Destrói-se sem ter razão
Desfaz o que Deus criou
Nem a vida ele preserva
Que lhes deram por amor.
23
Se toda a humanidade
Amasse como criança
O mundo seria outro
Com fartura e bonança
E pras gerações futuras
Restava mais esperança.
A vida anda tão confusa
Suja pela crueldade
Que mesmo se estando solto
Já nos falta a liberdade
Pois ninguém mais reconhece
O amor e fraternidade.
A raiva é extinto imundo
Não pode ser tolerado
Só reina em seres profanos
Do tipo mal educado
Ou em tipos sem valor
Que não pode ser amado.
24
Pra tolerar tais ações
É preciso consciência
Pois pra tudo tem limites
E precisa de clemência
Mas suportar traição
Só com muita paciência.
Vivemos num mundo cão
Onde as dúvidas são parceiras
É melhor viver cantando
Ao ouvir certas besteiras
Pois escutar certas gente
É atitude fuleira.
A maldade é tão tirana
E amarga como o fel
Onde reina a tirania
Com seu dote mais cruel
Planejado nos infernos
Onde reina o fogaréu.
25
Sutil e sempre alerta
O foguista faz seu fogo
Quem não sabe assinar
Ao compadre pede arrogo
Assim faz o inimigo
Quando prepara seu jogo.
Há um tipo de amizade
Que reza por teu atraso
Vive sempre ao teu lado
Como faz um paparazzo
Pleiteando a tua desgraça
Para um curto e longo prazo.
Assim vive a humanidade
Sem de nada ter certeza
No meio de tanta infâmia
Da mais suja impureza
Que ao invés da felicidade
O que lhe resta é tristeza.
26
Na árvore da nossa vida
Que só existe lamento
Ferindo o fundo da alma
Destruindo o pensamento
Levando todo o vivente
A um mundo só de tormento.
E assim vamos seguindo
Em cada dia uma surpresa
Se o prato está limpo e puro
Ou cheio de impureza
Se a dona da casa é suja
Não troca o pano da mesa.
Coisa boa não espere
Daquele que te traiu
Pois esse elemento escuso
Faz mais mal do que fuzil
Que até mesmo o diabo
Desse tipo já fugiu.
27
A falsidade está dentro
Do homem e da mulher
Como a cobra em seu bote
Acerta o dedão do pé
Ou meias que não se lava
E exala seu chulé.
Alerto da enganação
Num verso que aprendi
E não foi de gente à toa
Que se encontra por aí
Pois já vi várias pessoas
Nessa armadilha cair.
O verso diz com franqueza
Se tu queres mulher bacana
Procure uma mocinha
Pelos dias da semana
Pois do sábado ao domingo
Qual quer raposa engana.
28
Quer saber se tens amigo
Fique a pé sem um vintém
De chinelo e calça velha
Pra ver se aparece alguém
No intuito de ti ajudar
Ou então querer teu bem.
Nesse momento se afastam
Se faz de desconhecido
Até a mulher casada
Ignora seu marido
E se o cabra for solteiro.
Aí é que está perdido.
No seu setor de trabalho
Nada fica diferente
O que de mais se encontra
É com tipo negligente
Que vive a todo o momento
Sonhando em ferrar com a gente.
29
Até mesmo a igreja
A maldade não perdoa
Com um rosário na mão
Se finge que é coisa boa
Mas seu único pensamento
É lesar qualquer pessoas
Na rua isso não se fala
Já é uma contramão
Onde até mesmo o sagrado
É vendido por tostão
E quem quiser se destruir
Vá nessa reunião.
As praças antigamente
Eram lugar pra casais
Ou encontro de pessoas
Sem presenças criminais
Porém hoje a bandidagem
Faz delas uns arraiais.
30
A canalhice é tão grande
No campo e na cidade
Que existem figurões
Defendendo a crueldade
Mostrando o que aprenderam
Nos bancos das faculdades.
Não se deixe enganar
Com carinhas de inocência
Esse é o jeito acertado
Que o mal age sem prudência
Transformando a vida alheia
Sem amor e sem clemência.
O certo é nesse momento
Ter as artes de um vigia
Que a noite vive acordado
Só dormindo pelo dia
Então assim fica livre
De tamanha covardia.
31
O traidor não vem só
Sempre está acompanhado
Vale-se do que é bom
Pra não ser atrapalhado
E usar na hora certa
O seu dote excomungado.
O mal é cheio de perícia
E sabe como usar
Conquista de todo lado
Até se apropriar
De toda situação
E a maldade executar.
Imagine uma pessoa
Que está sempre ao seu lado
Se passando por amigo
E bem intencionado
De repente se descobre
Que é um cabra safado.
32
É preciso muita calma
Para poder suportar
Porque só nos vem besteira
E vontade de matar
Só que não vale a pena
Com bagulho se sujar.
A criatura que não presta
Só pensa em seu próprio bem
Não olha a necessidade
Nem precisão de ninguém
Pois o desejo da mesma
É destruir com alguém.
Encerro então essa obra
Que fiz com muito esmero
E dedico para todos
Os leitores que venero
Amantes dessa leitura
Aprovando assim espero
33
Deus me deu o dom da graça
E pra ele digo amém
Libertou minha cadência
Com ajuda de alguém
Pra fechar esse cordel
Com o verso de número cem.
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