Cajaiba em Cordel
Por – Hermenegildo Freire de Macedo
Eu não sou um grande mestre
Em histórias de Cordel
Só traço meus pensamentos
Procurando ser fiel
E mostrar para os leitores
Ou então pra tradutores
Meu verdadeiro papel
Procuro ser transparente
Nos meus versos tão singelos
Sei que sou iniciante
Não concordo com duelo
Pois na vida tudo existe
E só o forte persiste
Construindo seu castelo.
Castelo feito de rimas
Que representa uma história
Onde os que adentram nele
Deixa marcas na memória
E se o leitor é amante
Do cordel faz diamante
Em plenos dias de glória.
1
Quero prezados leitores
Nesse cordel destrinchar
Uma história bem bacana
Do meu querido lugar
Retratar sem arrodeio
Como criança em recreio
Que leva o tempo a brincar
Vou retroceder no passado
Lá pra o século dezenove
Quando essa região
Era Sertão quando chove
Só existiam pastagens
E paradas de viagens
Pra pessoas que se movem.
Nesse século não havia
Nenhuma povoação
Era poucos habitantes
Dessa nobre região
Que fincaram residências
Devido à grande carência
Pois fugiam do Sertão.
Aqui nesse povoado
Poucas famílias existiam
Morando em sítios dispersos
Vivendo como sabiam
Pois algo eu dou por certo
Que o lugar não foi deserto
Pois alguns já produziam.
Tratando do lugarejo
Que vou falar com esmero
Pois sempre tive vontade
De retratar como espero
Sem vergonha de falar
Que antes o meu lugar
Já serviu de cemitério.
Em muitos anos a fio
Num passado não recente
No centro do povoado
Sepultaram muita gente
Dessa e outra região
Pois não tinha opção
De um lugar diferente.
O Campo Santo mais perto
Era a Serra da Ribeira
Porém de difícil acesso
Devido à alta ladeira
Então aqui sepultavam
Pois todos assim concordavam
Como opção derradeira.
Cercado de muro era
De pedras sem ter cimento
Vários pés de cajazeiras
Do lado de fora e por dentro
Formava sua paisagem
Que se diga de passagem
Sem um bom pressentimento.
Anos então se passaram
E nada aqui foi feito
Pois dependia do povo
Sem aval de um prefeito
Pois esta situação
Só mesmo a população
Podia fazer direito.
Foi na virada do século
Para um mil e novecentos.
Que entre alguns populares
Surgiram os argumentos
Que deveria acabar
E o Campo Santo mudar
Pra outros departamentos.
Porém essa decisão
Teve que ser adiada
A natureza em silêncio
Preparava uma cilada
Pois uma praga tirana
Que fria a ninguém engana
Vinha solta em disparada.
Foi justo no ano doze
Do século acima citado
Que ocorreu essa peste
Que nos deixou alarmado
Matando quase a metade
Feito alguém por maldade
Quase arrasa o povoado.
A praga trouxe desgraça
Para as famílias inteiras
Não sobrou apenas uma
Pro não ver mortos na esteira
Enterravam tanta gente
Que pra quem fosse inocente
Levava por brincadeira.
No cemitério pequeno
Cova mais não se cavava
Assim todos concordaram
No modo que sepultava
A coisa não era boa
E pra não deixar a toa
De qualquer jeito enterrava.
No meio de tantas desgraças
Que no momento passavam
Abriam grandes lareiras
Onde os corpos lá jogavam
Muitas vezes ao voltar
Dos que foram sepultar
Outros mortos encontravam.
Só escaparam na época
Os que tiveram a sorte
Pois a peste devorou
Como em pau faz um serrote
Deixando gente tristonha
A tal doença medonha
Que fez um rastro de morte.
É bom que fique escrito
E não cause desatino
Pois dentro de poucos dias
Morreu do velho ao menino
Sem deixar um pra contar
Ou mesmo representar
Como o caso dos Rufinos.
Seu Rufino era um senhor
Com seus filhos e mulher
Que em seis dias somente
Não ficou ninguém em pé
Pois a tal peste tirana
Sem mentira não engana
E zomba de quem quiser.
Depois de tanta tragédia
Outro rumo foi tomado
Por aqueles que por sorte
Da morte saiu poupado
E entrou em discursão
Pra naquela ocasião
Ser o cemitério isolado.
A ideia só vingou
Do ano vinte em diante
Quando seu José Roberto
Se fez da terra um amante
Construindo as residências
Com tamanha paciência
Como faz um viajante.
Dessa data em diante
Ninguém ali se enterrou
Pois todos já concordavam
Que bastava de horror
Pra aquela gente sofrida
Que recebeu na medida
Cenas de tanto terror.
Seguindo José Roberto
Seu Galdino aproveitou
Construiu sua residência
Onde viveu com labor
Valorizando essa terra
Como soldado na guerra
Que demonstra seu valor.
Com essa iniciativa
Que surgiu como encanto
E acabou com o cemitério
Como a noiva perde o manto
Uma ação inteleigente
Que acabou para sempre
Com aquele Campo Santo
A partir desse momento
A história foi mudando
Foi chegando gente nova
A cavalo ou andando
E o povoado decerto
Deixou de ser mais deserto
E cresceu se povoando.
Foi lá na década de trinta
Que algo se fez concreto
Foi aberta a rua da frente
Por seu Antônio Necreto
Que lá fincou residência
Homem de sã procedência
Que tinha seu rumo certo.
Desse tempo em diante
Outras casas foram feitas
Dando assim prosseguimento
A uma ordem perfeita
E mostrando com carinho
Que era aquele caminho
Onde o progresso se enfeita.
Onde hoje está a escola
A estrada real passava
Pra os que iam a Ribeira
E por ali trafegava
Muitas vezes já cansados
Ali ficavam sentados
De uma longa jornada.
O Senhor seu Avelino
Montou o primeiro bar
Onde todos que passavam
Podiam ir visitar
Pra jogar conversa fora
Ou mesmo ali sem demora
Uma pinga degustar.
Ao povoado, porém.
Outro nome era dado
Devido ao cemitério
Que ali foi localizado
Mantido por tradição
Por toda população
E visto como sagrado
Cruz das Vargens era o nome
Por todos ali chamado
De norte a sul ou oeste
Foi com ele batizado
Porém com a povoação
Já não tinha mais razão
De não ser ele mudado.
Veja queridos leitores
Como foi que aconteceu
A mudança desse nome
E como ele nasceu
Numa junção engraçada
Como rima faz toada
Essa então prevaleceu.
O nosso bom povoado
Sempre foi arborizado
Recanto pra muita gente
Quando estava bem cansado
Em plena segunda-feira
Quando iam pra Ribeira
Que é outro povoado.
Acho que todos conhecem
Um pé de umbu cajá
Na época em abundância
Cercava nosso lugar
Com seu fruto perfumado
Era todos convidados
Ao mesmo saborear.
Os tropeiros viajantes
Colhiam as fruta de vez
Dos pés que ali frondosos
Cresciam por sua vez
Pra chuparem lá no bar
Depois de bebericar
A cachaça do freguês.
Um dia a observar
O movimento de perto
Seu Galdino então falou
“Cajá e Bar” não dar certo
Estava ele alertando
Pra ninguém correr o dano
De ficarem bem espertos.
Alertando aos viajantes
Para não se embriagar
Quando chupassem os mesmos
Ou na pinga misturar
E sem saber que criava
Com a junção das palavras
O nome de seu lugar.
Já em casa refletindo
Formulou tal pensamento
Que cajá e bar formavam
Um belo de um casamento
E consultou o irmão
Que aprovou a opinião
Daquele nobre invento.
E falando para todos
Do Sertão à Cotinguiba
Que o nome do povoado
Chamava-se Cajaiba
Que logo se espalhou
E todo mundo aprovou
Igual chá de pindaíba.
Lá pras décadas de quarenta
Esse lugar prosperava
Vinha gente da Caatinga
E aqui se agasalhava
Trabalhando na lavoura
Nessa terra propulsora
Que logo todos amavam
A família dos Macedo
Dos Menezes e dos Lima
Começaram a povoar
Na rua de baixo e de cima
Construindo residências
E tomando providências
Como trovador na rima.
Foi na década de cinquenta
Que a coisa ficou legal
Alargou-se a rua da frente
Como via principal
Com acesso a cidade
Dando mais maturidade
Ao povoado central.
Esta estrada então ligou
Cajaiba à Mangabeira
Fazendo o entroncamento
De Itabaiana à Ribeira
Que trouxe progresso e glória
Escrito em nossa história
Contada em outras maneiras.
Seu Galdino inteligente
Vendo essa evolução
Pra o sítio onde morava
Promoveu a educação
E contratou Jardilina
Professora ainda menina
Primeira da região.
Lecionou vários anos
Aos filhos dos habitantes
Tornando a educação
Em algo muito importante
Deixando sua marca viva
Que ainda esta ativa
Na mente dos visitantes.
A esta grande senhora
Devemos muito louvar
Em plantar essa semente
Na educação do lugar
Foi ela que com talento
Formou alguns elementos
Com seu jeito de educar.
Na época a economia
Resumia-se as coletas
De frutos e da resina
Em áreas de matas abertas
Da farinha e do feijão
Que só rendia tostão
Com faturas bem incertas.
Porém nos anos sessenta
O quadro pode mudar
Zé Carlos Texeira veio
O Estado governar
Trazendo muitas mudanças
Alimentando a esperança
Do povo desse lugar.
Nas últimas décadas passadas
Onde havia os tabuleiros
Até o comércio da carne
Era feito em um telheiro
Sem ter organização
Maltratando o povão
Tudo a luz do candeeiro
Também nos anos sessenta
Foi o mercado levantado
Transformando o comércio
.Já ali concretizado.
Na feirinha do domingo
Sem gaguejar não respingo
Até hoje registrado.
Com o mercado também veio
Nossa eletrificação
Consolidando um sonho
De toda a população
Que viu em um só momento
Sair daquele tormento
Do escuro para clarão.
Prosseguindo com o progresso
Chegou água encanada
Estalou-se um chafariz
E a todos foi ofertada
Melhorando o sofrimento
A partir desse momento
Das senhoras ocupadas.
Mercado, energia e água
Promoveu a evolução
Faltava, porém um item.
Pra consagrar nosso chão
Então se fundou a escola
Que trouxe em sua cartola
Ampliar a educação.
Ainda na mesma década
O poder municipal
Também faz outra escola
Deixando tudo legal
Pois no tocante ao ensino
Seja do velho ao menino
Foi muito excepcional.
A Escola Municipal
José Sizino de Almeida
Sutera sua professora
Desbravou muitas veredas
Educando com cuidado
Passo-a-passo, lado-a-lado
Sem sofrer danos ou perdas.
Lá na década de setenta
Seu progresso foi mais lento
Só as casas de farinha
Prosseguiu seu movimento
Sustentando a tradição
Mantendo a ocupação
Durante vários momentos.
No entanto nessa época
Devido ao comercio forte
Um dos nobres moradores
Traz um meio de transporte
Contribuindo ativamente
Como um cabra inteligente
A todos dando suporte.
No comércio se destaca
No ramo de mercearia
Seu Antônio de Rozeno
Que uma venda possuía
E contribuiu de certo
Mostrando que era esperto
Naquilo que oferecia.
Seguindo o exemplo de Antônio
Alexandre seu irmão
Também foi dono de venda
Por aquela ocasião
Deixando sua marca viva
Sendo um homem da ativa
E de completa visão.
O lugarejo na época
Tinha loja de tecido
Zé do Mangue era seu dono
Onde o povo era atendido
Tornando o povoado
Um lugar já consagrado
E por todos conhecido.
É preciso dar exemplo
De algo muito especial
Pois com as obras citadas
Foi criada outra legal
Para dar mais segurança
A todos e vizinhança
Com o posto policial.
Destacou-se nesse posto
Homens sérios de respeito
Citarei o cabo Zé
Um policial perfeito
Mantendo a ordem e a paz
Para o velho e o rapaz
Tratando a todos direito.
Outra figura ilustre
Foi pra nós Antônio Saldado
Que com essa gente humilde
Conviveu lado-a-lado
E eu não poderia deixar
De nos meus versos citar
Este homem tão honrado.
Já a década oitenta
É marcada com grandeza
O nosso bom povoado
Recebe grande riqueza
Implantado a irrigação
Que tira a população
De absoluta pobreza.
O projeto é implantado
Já nos lotes existentes
Sem desapropriação
Deixando todos contentes
E dentro de poucos anos
Como estava nos planos
Satisfazer muita gente.
Hoje na agricultura
Cajaiba é tradição
Contribuindo junto
Com outros da região
Transformando esse cenário
Gravando no calendário
A sua evolução.
Da batata a pimentão
Coentro, tomate, aipim.
Cheiro verde e pepino
Cenoura e amendoim
Pra lhes falar a verdade
São tantas variedades
Que pra citar é ruim.
Com isso sua tradição
Que era base da farinha
De um ano para o outro
Viu tudo mudar de linha
Modificando a peleja
Como velha que traqueja
Um rebanho de galinha.
Nosso povoado hoje
É destaque nacional
Na produção de batata
Não tendo outro igual
Fornece o nosso produto
Ainda em estado bruto
Pra Salvador e Natal.
Com isso seus habitantes
Não precisam ir embora
Todos arrumam emprego
A qualquer dia ou hora
No plantio ou na colheita
A coisa fica perfeita
E juntos se comemora.
Não vejo mais o cenário
De um momento infeliz
Onde os jovens precisavam
Ir para o Sul do país
Pois aqui fincam morada
E como diz a toada
Pra viver muito feliz.
Nosso futuro é incerto
Como água em cachoeira
Mesmo a gente querendo
Não foge da quebradeira
Porém só fica quebrado
Aqui nesse povoado
Quem vive de brincadeira.
Vou seguir a minha história
Se não fico atrapalhado
Pois trovador que cochila
Fica meio atordoado
Não quero perder a rima
Nem contar nada por cima
Do meu lindo povoado.
Voltando aos anos oitenta
Onde o nosso povoado
Das esferas do governo
Foi muito prestigiado
Trazendo grande fartura
A qualquer das criaturas
Que fora agraciado.
É bom deixar registrado
Que o povoado central
No ano de oitenta e nove
Livrou-se do lamaçal
Parte foi pavimentada
Deixando a coisa mudada
Dando outro visual.
Um Centro Comunitário
Foi ganho como presente
Uma estação elétrica
Ajudou a muita gente
Até mesmo o matadouro
Transformou-se num estouro
Em um lugar bem decente.
Até a água da DESO
Que é líquido de primeira
Foi expandido aos irmãos
Do povoado Mangueira
Pelo projeto FUNDEC
Que sem dar trégua nem breque
Foi uma obra pioneira.
Com a expansão da água
Seguiu com ela a energia
Deixando o povão feliz
Que de noite que de dia
Agradecendo e louvando
Viu o progresso chegando
Sem medo e sem covardia.
Na cultura o povoado
Teve épocas de esplendor
Samba de coco e reisados
Sempre aqui se apresentou
O presépio de Alexandre
Que causava muito enxame
Por onde o mesmo passou.
Ainda tinha a zabumba
Do saudoso Zé Pereira
Que em acompanhamentos
Era atração de primeira
E deixou muita saudade
Dos tempos de mocidade
Em festas bem rotineira.
Acompanhamento e novenas
Fez parte da nossa história
No natal e na quaresma
Cantando louvou e glória
Mostrando a fé dessa gente
Que viveu sempre contente
Muito alegre e bem simplória.
Com seu progresso constante
Dia e noite em expansão
Vários povos que chegaram
Advindos do Sertão
No intuito de aqui ficar
E nessa terra trabalhar
Pra conseguir o seu pão.
Das famílias da Caatinga
Eu cito com amor profundo
Seu Carlito, Estanislau
E meu amigo Raimundo
Pessoas muito honradas
Por todos sempre estimadas
Que respeitou todo mundo.
Esses povos transformaram
A nossa povoação
Pois a Várzea das Cancelas
Serviu-lhes como torrão
Hoje é outro povoado
Que pode ser consagrado
Pelos povos do Sertão.
Como antes já citada
Nossa indústria era fraquinha
Resumia-se apenas
As fabriquetas de farinha
E uma pedreira decadente
Que vivia muito ausente
Do potencial que tinha.
Só na década de noventa
O quadro se modificou
A pedreira Cajaiba
Auto se modernizou
E a embaladora de farinha
Que antes inda não tinha
Aqui também se implantou.
Essa década é promissora
Para os cajaibanos
Como diz o bom fidalgo
Que todos traçam seu plano
E as obras faz a história
Que se encrava na memória
Em qualquer época do ano.
No tocante ao esporte
Sempre foi a pioneira
Com seu time de futebol
Era coisa de primeira
Sempre bem representado
Com atletas capacitados
Pra não praticar besteira.
Como um líder ilustre
Sempre digo e repito
Que batalhou muito firme
De corpo mente e espírito
Esse homem corajoso
De grande ideal ditoso
Que se chama Esterlito.
Cajaiba Futebol Clube
Foi seu nome inicial
Seu fardamento azul
Não existia outro igual
Marcado pra onde ia
E toda gente aplaudia
O time fenomenal.
Outro membro importante
O Senhor João de Regina
Junto a Mauro de Pureza
Traçaram nossa rotina
Levando o time da casa
A criar bastante asa
Em campo, quadra ou esquina.
Hoje seu nome é Palmeirinha
E anda meio esquecido
Por falta de incentivo
A esse time querido
Que lá nos tempos de glória
Arrancou tantas vitórias
E ao auge foi promovido.
Com o progresso também veio
Algo que não existia
Na área de comunicação
Chegou a telefonia
Que ligou os cajaibanos
A qualquer lugar ou plano
Seja de noite e de dia.
Completando esse pacote
Pra que nada fique alheio
Junto com a telefonia
Também veio os correios
Que distribui as postagens
E isso não é miragem
Nem conto de cabra feio.
A nossa Associação
Muito bem representada
Fundada em oitenta e oito
Sempre foi organizada
Promovendo muitas festas
Do pagode a seresta
Sempre foi movimentada.
Seu primeiro presidente
Oviedo de Oliveira
O segundo Zé Virginio
Deixaram marcas certeiras
Acompanhando o progresso
Levando ao rumo certo
A nossa gente guerreira.
Outros por aí passaram
Deixando obras por certo
Hermenegildo e Aleide
E nosso amigo Gilberto
Hoje está representada
Por uma pessoa honrada
O bom cidadão Adelson.
Nossas festas populares
Foi por muito divulgada
As festanças natalinas
Era por todos esperada
Porém o tempo moderno
Lava tudo como inverno
E muita coisa é acabada.
Nossa festa natalina
Era muito popular
Viam gente nessa noite
De dezenas de lugar
A juventude em massa
Enchia o espaço da praça
Todos juntos a brincar.
Eu vinha com minha mãe
Juntamente com os irmãos
Comprava até roupa nova
Para aquela ocasião
Levava dinheiro pouquinho
Comprava só um docinho
E no fim da festa um balão.
Infelizmente esse é o preço
Pago pelo tal progresso
Às vezes o que é bom
Entra em pleno retrocesso
E surgem modas tamanhas
Que nos causa até vergonha
Mais dizem que é o sucesso.
Quero deixar registrado
As festas de São João
Onde todo povoado
Era só animação
Fogueiras, bombas foguetes
Pra todos lados enfeites
Naquele lindo clarão.
Amigos que se saudavam
A pularem a fogueira
Milho assado mungunzá
Era os pratos de primeira
E tudo era tão perfeito
Jorrava amor e respeito
Durante a noite inteira.
Foi em oitenta e nove
Que Hermenegildo montou
Nossa primeira quadrilha
Que aqui se apresentou
Formada por seus alunos
Que traçavam novos rumos
Com festejos de valor.
A quadrilha foi mantida
E sua apresentação
Foi sagrada a Kaiaxodó
Com grande amor e paixão
Porém os anos passaram
Outros responsáveis deixaram
Morrer nossa tradição.
Dirijo-me ao sagrado
Pra nossa religião
Que vem desde o início
Desse querido torrão
Trazendo a paz e harmonia
Durante a noite e o dia
Em busca da união.
A capela Cruz das Vargens
Que nos deixou na memória
Do cemitério era guarnincho
Lembrança da nossa história
A cruz era venerada
E de honras proclamada
Rogando a virgem simplória.
Foi lá nos anos cinquenta
Como sabe tudo muda
Seu Galdino visitou
Itaporanga D’ajuda
E na época tão festeira
Achou linda a padroeira
E teve uma ideia graúda.
Consultando os moradores
Teve apoio com louvou
Para nossa padroeira
A mesma santa comprou
Trocando a Cruz das Vargens
Pela sublime imagem
Que Jesus abençoou..
Também na capela tinha
A virgem da Conceição
Santo Antônio casamenteiro
Motivos de oração
Ainda hoje a festa é bela
Embora em outra capela
Com sua linda procissão.
Hoje nosso povoado
Alarga-se pra todo lado
Ruas novas são abertas
Em um rumo acelerado
Que deixa seus visitantes
Ver que somos importantes
Um povo gabaritado.
Sua escola oferece
O nível fundamental
No tocante aos transportes
Não existe outro igual
Qualquer dia ou qualquer hora
Viaja-se sem demora
Pra cidade ou capital.
Infelizmente a estrada
Do povoado a cidade
Precisa ser mais cuidada
Com respeito de verdade
Para isso é preciso
De representantes concisos
Que honre sua autoridade
Não se pode permitir
A caótica situação
Que nossa estrada apresenta
De inverno a verão
Pois por ela é escoada
Toda produção tirada
Da nossa irrigação.
Nós não queremos esmola
Mais o que é nosso de direito
Pois somos trabalhadores
Fazemos tudo perfeito
Pagamos impostos pesados
E ainda somos desprezados
Por políticos sem respeito.
Quando chove nessa estrada
O tráfego é complicado
Centenas de caminhões
Vazios ou carregado
Com verduras ou com brita
Mesmo assim ninguém explica
Tanta falta de cuidado.
No verão é uma tristeza
Com uma poeira infernal
Da criança ao idoso
Todos eles passa mal
De um cenário tão bonito
No entanto eu admito
Que a vergonha é total.
Mesmo assim eu vou citar
Outros pontos positivos
Enquanto vai se aguardado
Dos grandes os incentivos
Pois a nossa juventude
Irá tomar atitudes
Pois são eles muito ativos
O jovem que estar cursando
O jovem que estar cursando
Ensino médio ou faculdade.
Tem ônibus nos três horários
Diretos para a cidade
Dando plena garantia
Seja de noite ou de dia
Conquistar sua liberdade.
Nossa segurança é feita
No posto policial
Que está funcionando
De maneira parcial
Faz rondas com viaturas
Onde homens com bravura
Afugenta o marginal.
Para nossos visitantes
Em tempos de estiagem
É ponto certo e tranquilo
Um belo banho na barragem
Que ao ver lugar tão lindo
Até pensam que está indo
Para um ponto de miragem.
Na barragem ele encontra
Quiosques bem equipado
A cerveja bem gelada
Um peixinho bem torrado
E ele volta com certeza
Agora sem estranheza
De ser decepcionado.
É um ambiente apassivo
De moral e de respeito
Qualquer família frequenta
Sem botar nenhum defeito
Aqui só tem diversão
Muito amor no coração
Esse é um lugar perfeito.
Se você quer descansar
Fugindo da correria
Encontrou o espaço certo
De silêncio e calmaria
Traga a vara de pescar
Venha certo para cá
Fazer uma pescaria
Como dizia os mais velhos
Pro cabra bom se dar bem
Não precisa de promessa
Nem dever para ninguém
Basta ser bem corajoso
Não ser um tipo mimoso
Que aqui se arruma vintém.
De segunda a sexta-feira
Todos vivem do trabalho
É certo que têm vadios
Que ainda vive no baralho
Porém numa volta ou noutra
Agente encontra na solta
Com a cara de paspalho.
Não quero puxar sardinha
Para o meu bom povoado
Mais tenho que ser sincero
Ele é muito destacado
Por suas lindas garotas
Que ao ficar perto de outras
O cenário está mudado.
Caros leitores amados
Que guardo no coração
Para quem dirijo agora
Minha eterna gratidão
Pois sei e tenho de certo
Que cada um é esperto
Como Dalila e Sansão.
Encerro essa história
Dando-lhes uma garantia
Que tudo o que falei
Passou-se aqui um dia
Não retratei minha pessoa
Não gosto de gente atoa
Que esbanja valentia.
Gosto muito de cordel
Pois tem jeito nordestino
Contando as coisas da terra
Sem nunca perder o tino
No passado e no presente
Animando toda gente
Do mais velho ao menino.
Quero dedicar a obra
Que fiz com todo carinho
Ao meu pai que está em Deus
Mas mim ensinou direitinho
Que a pessoa só merece
O dia que amanhece
Se fizer tudo certinho.
A minha querida mãe
Que é uma prenda de valor
Que tenho como espelho
E preservo com amor
Mieensinou a humildade
E praticar a caridade
Como fez o bom pastor.
Aos meus filhos queridos
Que são joias importantes
Pedaço do meu viver
As estrelas mais brilhantes
Que completa minha vida
E cura qualquer ferida
Com carinhos semelhantes.
Deixo meus agradecimentos
A dois nomes de valor
Seu Galdino e Algemira
Que muito colaborou
Me dando as informações
Que vale mais que milhões
E essa história resgatou.
Mesmo com sua voz cansada
Atendeu-me com carinho
E em sua sabedoria
Relatou tudo certinho
Peço a Deus generoso
Que em seu leito ditoso
As proteja como anjinho.
Como já diz o matuto
Que veio da Paraíba
Cabra bom demora pouco
Seja de baixo ou de riba
Só sei que vivo orgulhoso
De ser um filho ditoso.
Da minha linda Cajaiba.
“O professor Hermenegildo Freire de Macedo., nasceu a 13/04/1965,
No povoado Cajaiba, Itabaiana – SE. Onde reside. Filho de Antônio
Lima de Macedo e Anita Carlos Macedo é casado pai de quatro filhos,
Leciona a disciplina de Geografia na Escola M. P. Anailde Santos de
Jesus. Amante da Literatura de Cordel. Sendo “essa sua 5ª obra”.
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